domingo, 16 de fevereiro de 2014

"Em Família" começa com bom rítmo, mas se perde no tempo e na incoerência de idades.

Olá, internautas!

Como Em Família é uma novela com três fases, esperei a nova novela das 9 pular para os dias atuais para falar dela. A trama, que encerrará o "ciclo de Helenas" do autor Manoel Carlos(iniciado em 1981, quando Lílian Lemmertz deu vida á primeira Helena criada pelo novelista em Baila Comigo) e marcará a despedida dele das obras de longa duração, teve seu prólogo, que só acabaria no capítulo 12(que foi ao ar ontem), acelerado pela edição que tornou os primeiros capítulos mais longos do que o normal. Assim, o que se viu na primeira semana foi uma história que vai acontecendo num rítmo mais devagar, porém evitando andar em círculos.

Tanto que logo o ciúme doentio de Laerte(Eike Duarte/Guilherme Leican/Gabriel Braga Nunes) em relação á namorada Helena(Júlia Dalavia/Bruna Marquezine/Júlia Lemmertz) e a seu amigo Virgílio(Arthur Aguiar/Nando Rodrigues/Humberto Martins) atingiu seu ápice, com uma tentativa de assassinato e a prisão do noivo assassino em pleno altar. Na última segunda-feira, Laerte foi condenado, cumpriu um ano de cadeia, foi solto, descobriu que Shirley(Giovana Rispoli/Alice Wegmann/Viviane Pasmanter) teve um filho seu e viajou para a Europa. No mesmo capítulo, houve uma grande passagem de tempo e Em Família finalmente chegou á 2014. Pode-se dizer, então, que a Globo acertou ao antecipar o início da fase atual, pois deu agilidade ao folhetim.

Os capítulos seguintes já não foram tão intensos quanto a primeira semana, mas ainda não se pode dizer que a trama está arrastada. Afinal, algumas tramas já começaram a se desenrolar. Uma delas é a obsessão de Juliana(Vanessa Gerbelli, ótima!) em querer adotar a filha de sua empregada, Gorete(Carol Macedo), que morrerá em breve. Outra história que têm tudo pra agradar é o romance homossexual entre Clara(Giovanna Antonelli) e Marina(Tainá Müller). Talentosas, as duas atrizes conseguem transmitir o encantamento que surge entre suas personagens apenas pelo olhar. Não á toa, o casal já ganhou a torcida do público nas redes sociais. O núcleo principal também se mostra promissor. Sabe-se que Luiza(Bruna Marquezine), filha de Helena e Virgílio, se envolverá com Laerte e irá disputá-lo com a mãe. Helena, com medo de que a filha sofra nas mãos de seu primo como ela sofreu, fará de tudo pra separá-los, mas em determinado momento a paixão que ainda sente por ele falará mais alto. Se isso realmente acontecer, o público estará diante de uma das Helenas mais controversas já criadas por Maneco. Afinal, o que caracteriza as heroínas do autor é o fato de serem transgressoras, capazes de errar e acertar ao mesmo tempo. Algo que ficou faltando nas últimas Helenas(a de Taís Araújo em Viver a Vida, a de Regina Duarte em Páginas da Vida e a de Christiane Torloni em Mulheres Apaixonadas). Ao que tudo indica, a atual Helena, ao contrário das anteriores, é de fato a protagonista de Em Família. Tomara!

Um ponto que dividiu opiniões na primeira semana foi o elenco de desconhecidos. É sempre bem-vinda a aposta em caras novas, mas nem todos os novatos que atuaram nas duas primeiras fases de Em Família se saíram bem. Júlia Dalavia, Eike Duarte e Arthur Aguiar, que formaram o trio protagonista no início da adolescência, ficaram devendo. Na segunda fase, Bruna Marquezine, Guilherme Leican e Nando Rodrigues assumiram os personagens e foram mais convincentes. Juliana Araripe e Camila Raffanti alternaram bons e maus momentos vivendo as irmãs Chica e Selma, respectivamente. Na ala jovem, o grande destaque foi a venenosa Shirley tanto na primeira fase(vivida por Giovana Rispoli) quanto na segunda(interpretada por Alice Wegmann). Já Oscar Magrini, que viveu Ramiro, parece interpretar sempre ele mesmo. Mas nada em Em Família é mais estranho do que as discerpâncias na idade dos personagens. Mais difícil do que acreditar que Natália do Valle(Chica) pode ser mãe de Júlia Lemmertz, sendo uma só dez anos mais velha que a outra, ou que Ana Beatriz Nogueira(Selma) possa ser mãe de Gabriel Braga Nunes com uma diferença de idade de apenas sete anos, é acreditar que Vanessa Gerbelli(Juliana) pode ser tia de Júlia Lemmertz sendo 10 anos mais nova do que ela. Vai ser difícil se acostumar a ver Júlia chamar Vanessa de tia durante toda a novela...

A passagem de tempo na novela também foi estranha. A segunda fase se passou em 1990, isso pode-se concluir pela data do julgamento de Laerte mencionada na trama, que é 15 de março de 1990. O rapaz é condenado a um ano de prisão, sendo libertado pois em 1991. Juntando a isso tudo o fato de a atual fase se passar em 2014, pode-se concluir que se passaram 23 anos na história. Mas até nas chamadas da novela é dito que se passam 20 anos depois que Laerte sai do Brasil, o que faz com que a trama agora esteja em 2011 e não nos dias atuais. Afinal, quem errou nos cálculos, o roteiro ou a divulgação da novela? Em que ano a trama está, afinal?

Mesmo assim, Em Família acumula mais acertos do que erros nessas duas primeiras semanas. Várias tramas se mostram promissoras na anunciada última novela de Manoel Carlos. Porém, vale lembrar que Viver a Vida e Páginas da Vida eram tramas que prometiam muito e não cumpriram quase nada. Que não aconteça em Em Família. Um autor talentoso como Maneco merece se despedir do horário nobre em grande estilo.


segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

"Amor á Vida": o melhor e pior da estréia de Walcyr Carrasco no horário nobre


Olá, internautas! Cheguei com um pouco de atraso, mas vamos lá!

Amor á Vida, a primeira novela de Walcyr Carrasco no horário nobre da Globo, chegou ao fim na sexta-feira, alcançando uma média consolidada de 48 pontos de ibope no último capítulo. Os índices devem ter deixado a emissora realmente satisfeita. Mas a novela, no geral, alternou bons e maus momentos durante seus 221 capítulos. Ao mesmo tempo em que teve vários méritos, mostrou personagens e situações frágeis. Por isso, aí vai uma lista do melhor e do pior dessa produção irregular.

O Melhor:

* Mateus Solano e Antônio Fagundes levaram a novela nas costas em vários momentos. O primeiro encarnou, de maneira excepcional, um vilão gay que caiu nas graças do público desde o primeiro capítulo. Apesar das maldades(algumas bem pesadas, como jogar a sobrinha recém-nascida numa caçamba de lixo) Félix foi "perdoado" pela audiência e acabou se redimindo conforme a trama ia se encaminhando para o final. E o segundo, na pele do homofóbico César, estava inspirado como há tempos não se via. Não por acaso, a última(e emocionante) cena da novela mostrou pai e filho declarando seu amor um ao outro.

* Walcyr Carrasco conseguiu surpreender com as revelações dos segredos da família Khoury. Começou quando descobrimos que Edith(Bárbara Paz) era uma ex-garota de programa e que seu casamento com Félix havia sido "arranjado" por César. Depois, ficamos sabendo que Jhonatan(Thales Cabral), filho de Félix e Edith, na verdade era fruto de um caso entre ela e César. Nesse tempo, Paloma(Paola Oliveira) descobriu que era filha de César com Mariah(Lúcia Veríssimo), tia de Aline(Vanessa Giácomo). E as surpresas seguiram: Félix teve um irmão mais velho que havia morrido afogado na piscina da mansão durante uma distração de Márcia(Elizabeth Savalla), então babá dos meninos que se desdobrava pra tomar conta dos dois. O filho morto era o preferido de César. Na última semana, foi descoberto que Jhonatan era mesmo filho de Félix e que Edith havia mentido para arrancar dinheiro de César. Por fim, Pilar(Suzana Vieira) revelou ter sido responsável pela morte da mãe de Aline e não César... ufa! Foram revelações que deixaram esse núcleo cada vez mais interessante.

* A abordagem da homossexualidade chegou até onde nunca se havia visto em uma novela. Em Amor á Vida, além do vilão homossexual representado por Félix, houve um casal gay - Niko(Thiago Fragoso) e Eron(Marcello Antony) - que teve um filho através de uma barriga de aluguel, adotou uma criança negra e lidou com uma crise conjugal graças á traição de Eron com Amarylis(Danielle Winits, ótima!). E que se separou e passou a disputar judicialmente a guarda do filho que tiveram. Félix, por sua vez, conforme foi se redimindo, foi se aproximando de Niko e a amizade que nasceu entre os dois se transformou em amor. E essa abordagem inovadora da homossexualidade foi coroada no último capítulo com a exibição do beijo gay, que duvido muito que tenha chocado alguém, frente á tanta desgraça que acontece no mundo. Esse incômodo tabu parece ter finalmente terminado! Aleluia!

* Amor á Vida apostou em vários casais que deram certo: Bernarda(Nathália Timberg) e Lutero(Ary Fontoura); o advogado Rafael(Rainer Cadette) e a autista Linda(Bruna Linzmeyer, uma fofa!); Márcia e Atílio/Gentil(Luís Melo); Valdirene(Tatá Werneck) e Carlito(Anderson di Rizzi); Edith e Wagner(Felipe Tito); Pilar e Maciel(Kiko Pissolato); e Thales(Ricardo Tozzi) e Nicole(Marina Ruy Barbosa) no início da trama. E, claro, Félix e Niko!

* Suzana Vieira se reencontrou em termos de interpretação em Amor á Vida. A veterana conseguiu fazer sua personalidade(que vinha falando mais alto em seus últimos trabalhos) sumir em cena na pele da sofrida Pilar. Foi a salvação de sua carreira.

* Tatá Werneck já era conhecida em seus tempos de comediante na extinta MTV. Mas foi na pele da periguete frustrada Valdirene de Amor á Vida que a moça ganhou projeção nacional. Sua personagem, a princípio, iria se tornar evangélica no meio da trama, mas o sucesso da "piradinha" foi tanto que o autor decidiu mantê-la apenas como alívio cômico. Nem todas as situações vividas por Valdirene foram engraçadas, mas Tatá conseguiu se sobressair e fazer o público se divertir com sua graça espontânea. E ainda formou uma bela dupla com Elizabeth Savala.

* O núcleo da falida Gigi(Françoíse Forton) tinha pouco espaço na trama, mas ainda assim chamou a atenção. Ali, Walcyr Carrasco apresentava um humor menos infantil do que em outros núcleos e com um toque de refinamento. E essa trama ficou ainda melhor quando Gigi resolveu dar o golpe do baú no milionário Ignácio(Carlos Machado). Risadas garantidas!

O PIOR:

* O texto de Walcyr Carrasco sempre foi conhecido pelos diálogos didáticos e auto-explicativos ao extremo e por piadas que beiram o infantil. Caíam bem em suas novelas das 18h e até dava pra relevar no horário das 19h. Mas ás 21h esse didatismo soou forçado e artificial, prejudicando a história. Qual era a necessidade de lembrar ao público o tempo todo que Félix havia jogado a sobrinha numa caçamba? Aliás, nem dá pra contar a quantidade de vezes que a palavra "caçamba" foi repetida. Félix foi a sensação da novela, mas algumas de suas piadinhas destoavam do clima tenso de algumas cenas. Resumindo: as melhores falas da trama estiveram no núcleo cômico.

* O triângulo amoroso principal não empolgou. Se a mocinha Paloma(Paolla Oliveira, que fez milagre em cena) já não tinha química com Bruno(Malvino Salvador, canastrão toda a vida), com o sem-noção Ninho(Juliano Cazarré) o resultado era ainda pior. Ninho, aliás, mudava de personalidade toda hora, deixando até mesmo seu intérprete confuso.

* Nunca se soube qual era a função de Perséfone(Fabiana Karla) na história. Primeiro, a enfermeira era desesperada por perder a virgindade em cenas que nunca tiveram a menor graça. Walcyr, talvez vendo o quão ridículo era isso, resolveu usar a personagem para abordar o preconceito contra os obesos. A idéia era boa, mas não foi bem conduzida. De repente, todos perceberam que Perséfone era gorda. E as cenas em que a enfermeira era discriminada soaram artificiais. Por fim, a enfermeira virou motivo de piada por ter feito um "bigodinho"(como era chamada sua depilação íntima), gerando seqüencias constrangedoras! Só mesmo uma comediante talentosa como Fabiana Karla para dar alguma credibilidade a essa bobajada!

* Casais repetitivos: Patrícia(Maria Casadevall) e Michel(Caio Castro) tiveram como única função na obra se agarrar e transpirar sexo. Nada mais! E a entrada de Guto(Márcio Garcia) e Sílvia(Carol Castro), completando esse quadrilátero, só fez tudo ficar ainda mais cansativo!

* Vilãs sem função: Alejandra(Maria Maya), Glauce(Leona Cavalli) e Leila(Fernanda Machado) prometiam muitas maldades, mas foram tendo seus papéis esvaziados na trama, talvez devido a modificações feitas por Walcyr Carrasco na sinopse. Em casos como esse, em que as personagens não servem pra nada, o mais digno a ser feito é matá-las. E foi o que o autor fez. Glauce e Leila, pelo menos, se despediram da trama em grande estilo. Já Alejandra, depois de ter sequestrado Paulinha(Klara Castanho), ameaçado matar a garota, e incriminado Paloma por tráfico de drogas, teve uma overdose e, do nada, resolveu se redimir e inocentar a mocinha antes de morrer! Nunca se soube também porque a bandida não entregou Félix como sendo o mandante dos crimes! Pode? Entre essas megeras, apenas Aline se salvou. Não á toa, foi se tornando a grande antagonista do folhetim.

* Mau-aproveitamento de doenças: o cancer de mama de Sílvia foi totalmente gratuito, assim como a paraplegia de Leila. O vírus HIV contraído pela enfermeira Inaiá(Raquel Villar) também não foi bem abordado. O lúpus de Paulinha também não tinha razão de existir no enredo, embora o transplante de fígado tenha servido para aproximar a menina de sua mãe verdadeira, Paloma. A tremendeira nas mãos de Lutero podiam ser sintomas do Mal de Parkinson, mas a questão nunca foi aprofundada e o personagem ainda voltou a operar nos últimos capítulos mesmo com as mãos tremendo. E o alcoolismo de Vivian(Ângela Dip), além de ter pouco espaço, era até motivo de piada.

* A esticada na novela: prevista pra ter 203 capítulos, Amor á Vida foi até o 221. Esses capítulos a mais só prejudicaram a novela ainda mais, pois a história andou em círculos durante a maior parte do tempo.

Ah, e o núcleo de Nicole merece um trópico especial. Marina Ruy Barbosa mandou muitíssimo bem no início da trama e o drama de sua personagem, que sofria de uma doença terminal e era alvo de um casal de golpistas(Thales e Leila), se destacou a ponto de, em alguns momentos, ofuscar a trama principal. E a jovem atriz ainda formou um belo casal com Ricardo Tozzi. Mas a polêmica em torno de seus cabelos(que ela acabou se recusando a cortar) foi tão grande que ofuscou a história. O autor, então, decidiu matar a personagem e transformá-la um fantasma que assombraria os golpistas. E foi aí que esse núcleo se perdeu. A aparição da "noiva-cadáver" gerou cenas bizarras! Aí surgiu uma irmã bastarda de Nicole - Natasha(Sophia Abrão) - que ninguém sabia que existia, só Lidia(Ângela Rabello), que era sua mãe. Se Nicole tinha uma irmã, porque Lídia nunca revelou isso á jovem? Não só teria evitado o golpe de Thales e Leila como também daria uma alegria á mocinha doente em seus últimos momentos de vida! Pra piorar, essa personagem caída de pára-quedas no enredo ganhou a atuação vazia e inexpressiva de Sophia Abrão. Era a história de amor entre Nicole e Thales que justificaria o título da novela, Amor á Vida, pois o escritor, após se apaixonar de verdade pela órfã milionária, lutaria para que ela ficasse curada. Mas uma polêmica de bastidores acabou destruindo o que poderia ser uma bela história. Que pena!

Enfim, é por essas e por outras que Amor á Vida, apesar dos bons momentos, não figurará entre as melhores novelas do horário nobre da Globo. Que venha Em Família!

domingo, 19 de janeiro de 2014

"Amores Roubados": uma minissérie morna!

Olá, internautas! Estamos começando esse ano de 2014. E em termos de TV, o ano já começou morno!

Amores Roubados, minissérie que se encerrou na Globo na sexta-feira passada, com 10 capítulos, foi um sucesso de audiência e de crítica! Aparentemente, o escândalo pessoal apontando Ísis Valverde(protagonista da história) como pivô da separação de Cauã Reymond(o galã da minissérie), que a Globo temia que pudesse prejudicar a série de certa forma, só serviu para atrair a atenção do público. Belo mérito!

Agora, a trama em si não me entusiasmou. Nunca deu pra entender se Leandro(Cauã Reymond) era um sedutor barato ou se havia algo mais na sua conquista em relação á Isabel(Patrícia Pillar) e Antônia(Ísis Valverde). Pra piorar, o personagem caiu numa emboscada  no quinto capítulo, sofreu um acidente e desapareceu, sendo dado como morto. O mistério foi até o capítulo final, mas o público ficou a ver navios. Embora tivesse ficado claro no acidente que não havia como ele ter sobrevivido, ninguém apareceu dizendo que o corpo foi encontrado, ou algo assim. A possibilidade da morte ficou vaga demais.

A bela fotografia, a direção perfeita e belas atuações de Murilo Benício, Patrícia Pillar, Cássia Kiss Magro, Osmar Prado e Dira Paes merecem destaque. Mas não foi suficiente para salvar Amores Roubados de ser uma minissérie morna. A duração de 10 capítulos pode ter prejudicado, uma vez que o fiapo de história não podia se sustentar por tantos episódios.

A própria Globo não soube "ajudar" a minissérie a ter mais valor. Começou exibindo-a, depois da novela das 9, e a partir do sétimo capítulo foi empurrada para as 23h, depois do Big Brother Brasil. Uma desconsideração com os fãs da série!A queda de audiência nos últimos capítulos só não foi maior por que a trama já estava com o sucesso consolidado.

Mas é isso: com muita beleza, sedução e ação, mas pouco assunto, Amores Roubados apenas passou!

Contato: jasongiambarba@hotmail.com

terça-feira, 31 de dezembro de 2013

O melhor e pior da TV em 2013

Olá, gente!

2013 chega ao fim e é hora de relembrar o que deu certo e o que não funcionou na nossa TV esse ano.

O que deu certo:

NOVELAS: Se ao contrário de 2012, não houve esse ano nenhuma novela marcante, por outro lado poucas produções decepcionaram de verdade. Ás 18h acompanhamos o ótimo desfecho de Lado a Lado, que teve um desempenho sofrível na audiência, mas ficou bastante interessante do meio para o final. No mesmo horário, Flor do Caribe pareceu convencional demais a princípio, porém surpreendeu pela narrativa ágil e pelo seu pano de fundo ousado, que abordava o nazismo. Sua substituta, Jóia Rara, é mais um acerto de Duca Rachid e Telma Guedes e, na última semana, ficou ainda mais interessante. E poucas novelas conseguiram retratar personagens complexos tão bem como fez Sangue Bom, a primeira novela inédita de Maria Adelaide Amaral e Vincent Villari, ás 19h. A saga de Bento(Marco Pigossi) e Amora(Sophie Charlotte), romance polêmico que esbarrava nas diferenças de caráter de ambos, não estourou na audiência, mas sua repercussão foi bastante positiva entre o público e a crítica. Merecem destaque tembém o remake de Saramandaia, que passou praticamente batido, mas encantou quem se prestou a ficar acordado até tarde pra assistir aqueles personagens surreais, porém irresistíveis. Da Record, menções honrosas para as divertidas Balacobaco e Dona Xepa. Na atual novela da emissora, Pecado Mortal, Carlos Lombardi mantém suas marcas registradas(homens sem camisa, humor anárquico, correria desenfreada) e ao mesmo tempo se mostra capaz de fazer uma trama mais densa e adulta, como pede o horário das 22h. Chiquititas, no SBT, não repete o mesmo sucesso de Carrossel, mas mostra-se uma novelinha agradável.

MINISSÉRIES E SERIADOS: O Canto da Sereia abriu o ano de 2013 na Globo em grande estilo. O maior mérito desta trama policial inspirada na obra homônima de Nélson Motta foi retratar a Bahia e seus costumes de forma não-estereotipada, como é tão comum em outras produções. Pé na Cova reafirmou o talento de Miguel Falabella para escrever seriados. A série consegue fazer comédia com um assunto delicado como a morte sem resvalar para o mau gosto, o que é muito difícil. As terceiras temporadas de Tapas e Beijos e Louco por Elas(que foi definitivamente encerrada esse ano) também divertiram, mesmo já apresentando sinais de desgaste. E A Mulher do Prefeito trouxe Denise Fraga de volta a TV em grande estilo.

ATORES: Mateus Solano faturou todas as premiações de 2013 para melhor ator e aqui não poderia ser diferente. Seu personagem em Amor á Vida, o malvado Félix, a princípio parecia um vilão efeminado demais para um personagem descrito como enrustido(e também para a proposta dramática da obra), mas aos poucos foi se tornando a sensação da novela. Na mesma trama, Antônio Fagundes, na pele do homofóbico César, esteve inspirado como há tempos não se via. Em Sangue Bom, Marco Pigossi salvou seu personagem de se tornar um chato de galochas. Acho que fui um dos poucos a ter paciência com o Bento, hehehe... Na mesma novela, Humberto Carrão, como o sinistro Fabinho, conduziu muito bem a virada de seu personagem, que se regenerou por amor. Sem falar em Marco Ricca, que teve um personagem difícil nas mãos e segurou bem as pontas. Sérgio Mamberti, voltando á TV, fez do nazista Dionísio, de Flor do Caribe, a própria encarnação do mal. Outros dois veteranos, Juca de Oliveira e Cacá Amaral, também roubaram a cena na trama de Walther Negrão. José de Abreu em Jóia Rara prova que é possível sim interpretar vilões e dar feições diferentes a cada um deles. Na trama das 6, Bruno Gagliasso teve uma raríssima chance de viver um personagem que foge do rótulo de problemático ou esquisitão e não decepciona. Aplausos pra ele. E uma menção honrosa para Gabriel Braga Nunes em Saramandaia.

ATORES COADJUVANTES: Thiago Fragoso fez de Niko um dos personagens mais simpáticos de Amor á Vida, isso depois de já ter se saído muito bem como um dos protagonistas de Lado a Lado. Na atual novela das 9, Anderson di Rizzi está ótimo como o ingênuo Carlito. Nunca foi explicado o porque de ele ser chamado de "palhaço" á exaustão por Valdirene(Tatá Werneck), mas mesmo assim o apelido caiu na boca do povão. Luís Mello interpretou praticamente dois papéis na novela, o finíssimo Atílio e o despachado Gentil, personalidade adiquirida pelo advogado depois de perder a memória. E se saiu muitíssimo bem. Pena o ator poder ser visto na reprise de O Cravo e a Rosa vivendo um personagem idêntico ao atual. Esse tipo de repetição é um problema velho que a Globo precisa resolver... Ricardo Tozzi, depois de vários papéis cômicos, está dando conta do recado em um personagem mais dramático como o Thales. Menções honrosas para Armando Babaioff em Sangue Bom, Luiz Carlos Vasconcellos, Raphael Vianna e José Loreto em Flor do Caribe, Thiago Lacerda e Domingos Montanager em Jóia Rara e Matheus Nachtergaele em Saramandaia.

REVELAÇÕES MASCULINAS: Quem diria que um descendente de Sílvio Santos faria sucesso na Globo! Tiago Abravanel, neto do dono do SBT, agradou tanto em Salve Jorge que seu personagem, antes um mero figurante no dispensável núcleo turco, fosse integrado á trama principal. Na mesma novela, Adriano Garib conseguiu dar alguma credibilidade a Russo, um torturador de mulheres que não metia medo em ninguém. Amor á Vida trouxe as ótimas atuações dos novatos Rainer Cadete, Kiko Pissolato e Felipe Tito, que tiveram seus personagens aumentados no decorrer da obra. E menções honrosas para Igor Riccki e José Henrique Ligabue em Flor do Caribe, Maurício Destri em Sangue Bom e Sérgio Guizé em Saramandaia.

ATRIZES: Suzana Vieira voltou aos tempos de ótima atriz como a Pilar de Amor á Vida. Sua personagem até possui características da própria Suzana, mas num grau bem menor do que em seus últimos trabalhos na TV. A veterana conseguiu humanizar a esposa traída de César(Antônio Fagundes) e fazer o público torcer por ela. Os altos e baixos de Paloma, que é bastante esperta em certos momentos e muito ingênua em outros, não impedem Paolla Oliveira de brilhar na trama das 9, muito mais até do que nas outras duas novelas em que foi protagonista, Insensato Coração e O Profeta. Na mesma novela, Elizabeth Savalla diverte e emociona na pele da ex-chacrete Márcia. E o que dizer de Vanessa Giácomo como a vingativa Aline? Perfeita! Em Salve Jorge, Giovanna Antonelli fez a diferença vivendo a delegada Helô, que com o tempo passou a dividir o posto de protagonista com Morena(Nanda Costa). Sangue Bom reuniu três talentosíssimas atrizes no núcleo principal, Sophie Charlotte, Fernanda Vasconcellos e Isabelle Drummond. A primeira teve nas mãos uma das personagens mais complexas da teledramaturgia e surpreendeu positivamente. Amora chegou mesmo a ser cruel, mas sempre se mostrou sensível. A segunda soube emprestar força e firmeza a uma mocinha que tinha tudo pra não empolgar. Malu foi demais! E a terceira transformou a marrenta Giane numa das personagens mais carismáticas da trama de Maria Adelaide Amaral e Vincent Villari. Na mesma novela, menções honrosas para: Giulia Gam, que fez de Bárbara Ellen uma vilã divertida mesmo quando não tinha mais função alguma, e Déborah Evelyn, que deu conta do recado como a sensível Irene. Grazi Massafera evoluiu bastante como atriz em Flor do Caribe. E destaque também para Vera Holtz, impagável como a Dona Redonda de Saramandaia.

ATRIZES COADJUVANTES: Toda vez que a traicoenta Amarilys de Amor á Vida entra em cena, o público se morde de raiva. Mérito total de sua intérprete, Danielle Winits, que prova ser capaz de fazer papéis bem melhores do que o de gostosona. A trama que envolve Perséfone só não é mais boboca graças ao talento de Fabiana Karla. Bruna Linzmeyer, como a autista Linda, emociona nas poucas vezes em que aparece em cena. Sangue Bom reuniu coadjuvantes maravilhosas, Letícia Sabatella, Regiane Alves, Marisa Orth e Ingrid Guimarães. Letícia e Regiane deram vida á duas mulheres deliciosamente imperfeitas, totalmente possíveis de encontrar na vida, enquanto Marisa e Ingrid arrancaram boas gargalhadas ao viverem personagens malucas, porém irresistíveis. Sem esquecer da ótima participação de Andréia Horta, como a sofrida Simone, e Maria Helena Chira, a psicopata perfeita na pele de Lara Keller. Menções honrosas ainda para Cyra Coentro em Flor do Caribe, Laila Zaid, uma presença luminosa em Além do Horizonte, e Chandelly Braz que soube fazer da Marcina de Saramandaia uma mocinha fogosa e pura ao mesmo tempo.

REVELAÇÕES FEMININAS: Apesar de o núcleo da Valdirene em Amor á Vida ter caído na repetição, ninguém pode negar que foi acertadíssima a escalação de Tatá Werneck pra viver a periguete frustrada. A ex-MTV não precisa fazer caras e bocas pra ser engraçada, a graça é espontânea. Maria Casadevall continua muito bem como a Patrícia, mesmo sua personagem sendo totalmente dispensável a essa altura da trama. Menções honrosas ainda para Tatiana Alvin, Aline Dias e Tuna Dwek em Sangue Bom e Laura Neiva em Saramandaia.


O que não funcionou:

NOVELAS: Salve Jorge provou que tramas policiais não são o forte de Glória Perez. A trama, que falava sobre tráfico de pessoas, causou risos quando deveria ser séria. Foi uma das novelas mais idiotas do horário nobre da Globo. Amor á Vida teve vários méritos, mas mostra que Walcyr Carrasco não está totalmente preparado para o horário das 9. Seu texto deixa muito a desejar. Quando não apela para piadinhas tolas e fora de hora, recorre a um didatismo forçado. E esticar a trama também não foi um bom negócio. Ás 19h, antes de assistir á excelente Sangue Bom, tivemos que conferir o péssimo desfecho do equivocado remake de Guerra dos Sexos. O mote dessa trama(a competição entre homens e mulheres) fez sucesso nos anos 80, mas soou totalmente ultrapassada nos dias de hoje. Mas o maior equivoco de 2013 em termos de novela foi mesmo Além do Horizonte. A proposta de uma novela mais dramática ás 7 da noite era interessante, mas a trama dos estreantes Marcos Bernstein e Carlos Gregório se perdeu logo no início ao lançar uma série de mistérios sem solução ao público, dando a impressão de que não tem história. Resultado: a audiência é a mais baixa de todos os tempos no horário.

MINISSÉRIES E SÉRIES: A Grande Família, que está no ar desde 2001, teve esse ano sua pior temporada. O desgaste da série e o cansaço do elenco são evidentes. Parece que a temporada de 2014 será a última do programa, mas era bem melhor ter encerrado já em 2013. O Dentista Mascarado marcou a estréia desastrosa de Marcelo Adnet na Globo e ainda reforçou a mesmice do texto dos roteiristas Alexandre Machado e Fernanda Young. Os dois andam preguiçosos e com mania de copiarem a si mesmos a cada trabalho. Não que eles sejam os únicos autores a se repetirem, mas ambos emplacam uma série a cada ano, sem tempo de descanso. Assim, fica difícil!

ATORES: Rodrigo Lombardi pagou mico em Salve Jorge defendendo um mocinho absolutamente sem sal como o capitão Théo. O sensível Bruno de Amor á Vida era a chance de Malvino Salvador mostrar que é mais do que músculos bem torneados, mas o galã não convence. Sua canastrice nas cenas mais dramáticas chega a ser constrangedora. Na mesma novela, Juliano Cazarré está totalmente perdido na pele do sem noção Ninho, o personagem mais rejeitado pelo público da novela. Em Jóia Rara, Carmo Dalla Vecchia, vivendo mais uma vez um vilão, repete os trejeitos do obcecado Fernando de Amor Eterno Amor. O piloto Cassiano de Flor do Caribe passou por situações trágicas, da qual seu intérprete, Henri Castelli, não soube dar conta. E menções desonrosas para Rômulo Neto e Josafá Filho em Sangue Bom; Thiago Rodrigues, Vinícius Tardivo e Igor Angelkorte em Além do Horizonte; e Marcos Pasquim em Saramandaia.

ATRIZES: Cláudia Raia realmente não nasceu pra interpretar vilãs. A pérfida Lívia Marini de Salve Jorge nunca convenceu. Os momentos em que a chefona do tráfico humano sacava sua seringa pra acabar com seus inimigos virou alvo de chacota geral. Eliane Giardini exala preguiça como a enfermeira Ordália em Amor á Vida. Não existe nenhuma diferença entre sua atual personagem e a Muricy de Avenida Brasil. E as personagens anteriores da atriz... Bianca Bin atualmente se sai bem como a mocinha de Jóia Rara, mas na pele da vilazinha Carolina de Guerra dos Sexos esteve permanentemente com "cara de paisagem". Na atual novela das 6, Carolina Dieckmann mais uma vez prova sua extrema limitação como atriz vivendo Iolanda, sua primeira personagem de época. A despachada Rosemere de Sangue Bom era uma personagem interessantíssima, mas naufragou nas mãos de Malu Mader. A musa simplesmente não conseguiu vestir confortavelmente o uniforme de garçonete do bar Cantaí e ainda deixou a personagem mais grossa e chata do que já era. Da mesma novela, uma menção desonrosa pra Carla Salle, a artificialidade em pessoa como a fútil Mel. Lívia de Bueno, na pele da Laura de Saramandaia, teve a expressividade de um chuchu.

E por fim, uma menção especial para Marina Ruy Barbosa. A ruivinha roubou a cena no início de Amor á Vida como a órfã milionária Nicole, de modo que sua trama era a mais envolvente da novela. Mas a polêmica em torno dos cabelos da atriz, que se recusou a raspá-los para incorporar o drama da personagem, que sofria de câncer, acabou ofuscando essa ótima história e fazendo com que Walcyr Carrasco resolvesse matar a personagem. Se a atriz fez certo ou não ao se recusar a raspar a cabeça, é outra questão. Mas caiu na besteira de aceitar continuar na trama mesmo depois da morte de Nicole, como um fantasminha que assombrou os golpistas que ficaram com sua fortuna. Um erro em todos os sentidos. Pra sorte da atriz, a "noiva-cadáver" agora descansa em paz definitivamente. Ufa!


E aí? Pra vocês, o que deu certo e o que não funcionou na TV em 2013? Opinem e tenham um Feliz Ano Novo! Até mais!

domingo, 8 de dezembro de 2013

Horário de verão bagunça programação da Globo em metade do país

Em 2008, quando o Ministério da Justiça determinou que as emissoras de TV passassem a respeitar a classificação indicativa de seus programas(que está atrelada a horários a partir das 20h) de acordo com a hora local de cada região do Brasil, a Rede Globo adotou um sinal diferenciado para as regiões com 1 ou até 2 horas de atraso em relação ao horário de Brasília, que ficou conhecido como Rede Fuso. Nos estados de MT, MS, e Região Norte, a programação global sofreu mudanças significativas. Exemplo: Após o Jornal Nacional, entrava no ar a novela das 19h(na época, Beleza Pura) e, em seguida, a novela das 21h(na época, Duas Caras, que tinha classificação de 14 anos e só podia entrar no ar nesse horário). Com isso, o futebol ao vivo nas quartas-feiras dançou, uma vez que coincidia com o horário da novela. Depois de Duas Caras, era exibido o Cinema Especial e, antes do Jornal da Globo, era exibido um compacto de 20 minutos do jogo transmitido em grande parte da rede.

Essa situação durou até junho daquele ano quando Duas Caras foi substituída por A Favorita, classificada para maiores de 12 anos. Assim, o futebol voltou a passar ao vivo nessas regiões, mas a exibição da novela das 7 nesses dias acabou afetada, com capítulos que não chegavam a 20 minutos de duração. A Rede Fuso até procurava compensar a curta duração da novela ás quartas-feiras, com capítulos mais longos na quinta e na sexta, mas dessa forma, acabava atrasando ainda mais a programação. Detalhe: o Jornal da Globo nessas regiões(com exceção das quartas-feiras de futebol) é até hoje exibido gravado e, consequentemente, desatualizado.

Em outubro de 2009, as afiliadas globais dos estados fora do horário de verão(como a Região Nordeste) também passaram a integrar a chamada Rede Fuso. Telespectadores de Pernambuco, por exemplo, passaram a assistir ao JN ás 19h15(pelo horário local), logo depois á novela das 7(na época, Caras & Bocas) e em seguida á trama das 9(na época, Viver a Vida). Essa prática é adotada até hoje. Quando a Globo promoveu em seu horário nobre alterações que seguem até hoje (a novela das 6, passou a ir ao ar ás 18h25, a das 7 ás 19h30, o JN ás 20h30, e a novela das 9 ás 21h10) deu início á outro problema nos estados com fuso horário diferente e nos que não seguem o horário de verão: as transmissões de futebol ás quartas começam com mais de 10 minutos de bola rolando. Ou seja: o telespectador dessas regiões começa a ver o jogo sem saber direito as escalações dos times e quem está apitando a partida e, ás vezes, já tendo saído um gol! Na Região Norte, em época de horário de verão(quando a diferença de fuso é de 2 horas), a situação é ainda pior: só é possível assistir o futebol a partir do segundo tempo!

Quando há transmissões de eventos especiais em horários incomuns, a bagunça toma conta da programação. Um dia desses, quando rolou jogo da Seleção Brasileira num sábado á noite, os telespectadores do Nordeste ficaram sem assistir á novela Além do Horizonte para que a transmissão do jogo pudesse passar na íntegra. No Acre, cuja diferença de fuso nessa época do ano é de 3 horas, a partida começou a ser transmitida depois da novela das 7, e Amor á Vida foi exibida ás 21h30 locais, depois do futebol. E esse ano, o reality musical The Voice Brasil passou a ir ao ar nas noites de quinta-feira, depois da novela. Atendendo a pedidos do público das regiões Norte e Nordeste do país, a Globo adequou sua grade pra que o programa pudesse passar ao vivo também nessas regiões. Com isso, não só a novela das 19h, mas também a das 21h ficaram com capítulos mais curtos em relação á rede. Á exceção, aparentemente, foi no Acre, onde alguns telespectadores dizem que Amor á Vida está indo ao ar após o The Voice.

Telespectadores criticam diariamente a desordem que tomou conta da programação global em metade do país por conta do horário de verão. Mas a Globo não é a única culpada. Os responsáveis por isso são os pseudo-censores do Governo que, não contentes em atrelar a famigerada classificação indicativa á horários, ainda obrigam as emissoras a terem uma programação diferente em cada região do país. E ocasionam exibições de telejornais gravados e desatualizados, transmissões que iniciam com jogos já em andamento, novelas com capítulos curtíssimos em um dia e absurdamente longos em outro(e que, assim, perdem o chamado "gancho", situação que visa prender o público para o próximo capítulo)... Enquanto o nosso governo não cogitar mudanças nas leis de classificação indicativa e de fuso horário, a tendência é que esses transtornos continuem. Infelizmente!

sábado, 30 de novembro de 2013

Os estranhos critérios do Prêmio Emmy Internacional de TV

Alô, galera! Estou de volta!

A vitória da novela Lado a Lado(2012) na categoria "melhor novela" do Prêmio Emmy Internacional de TV foi um dos assuntos da semana. A trama de João Ximenes Braga e Cláudia Lage desbancou a grande favorita ao troféu, que era Avenida Brasil(2012). Muitos críticos e noveleiros de plantão aqui do Brasil dizem que era óbvio que Lado a Lado ganharia o troféu. Mas por quê será que isso ocorreu?

Pra quem não se lembra, Lado a Lado amargou a mais baixa audiência da história do horário das 18h, mesmo tendo ganho a simpatia da crítica especializada e vários fãs. Essa novela teve várias qualidades, foi feliz ao retratar a saga de duas mulheres á frente de sua época, Laura(Marjorie Estiano) e Isabel(Camila Pitanga), mas seu contexto era histórico demais não só para o horário das 6 como também para o período em que foi exibida, em pleno horário de verão. E essa época não é lá muito propícia para exibição de novelas de época.

Por outro lado Avenida Brasil foi um supersucesso, não tanto de audiência, mas principalmente de repercussão. A saga da vingança de Rita/Nina(Débora Falabella) contra a ex-madrasta Carminha(Adriana Esteves) mexeu com o país inteiro e virou cult, como há muitos anos não se via. Antes de Avenida, só A Favorita(2012) havia causado o mesmo frisson, o que prova que João Emanuel Carneiro, autor das duas novelas, virou o queridinho do horário nobre da Globo, que há tempos precisava de renovação em seu quadro de novelistas. Por isso, apostava-se nessa novela para faturar o cobiçado prêmio.

Essa não é a primeira vez que uma novela sem grande repercussão fatura o Emmy. Em 2009, Caminho das Índias, de Glória Perez, ganhou na categoria "melhor novela do mundo". Um exagero! Nessa época, a audiência do horário das 21h estava em declínio e a média geral de Caminho ficou um ponto abaixo da meta esperada. Além disso, a trama recebia inúmeras críticas por retratar a cultura indiana de forma não muito "real" e pelo casal protagonista, formado por Juliana Paes e Márcio Garcia(esse último, aliás, praticamente, sumiu do enredo). Foram as tramas ambientadas no Brasil que sustentaram a novela. Em 2011, o irregular remake de O Astro também ganhou um prêmio parecido. E até a sonolenta Araguaia(2010) chegou a ser indicada. Dizem que os jurados do Emmy não têm acesso ás novelas inteiras, apenas a capítulos alvulsos, selecionados pela própria Globo, e que não levam tanto em conta a repercussão ou a qualidade das histórias.

Então, quais seriam esses critérios avaliados pelos jurados do Prêmio Emmy? Eles se deixam influenciar por figurinos e cenários exuberantes? Efeitos especiais bem-feitos? Estéticas apuradas? Difícil de entender. Mas sejam quais forem, esses critérios precisam ser revistos. Afinal, o que faz uma produção televisiva ser considerada excelente ou péssima é, foi e sempre será o roteiro. De qualquer forma, é bom ver nossas novelas e séries serem reconhecidas lá fora!




domingo, 10 de novembro de 2013

"Além do Horizonte": Autores pagam pela ousadia

Com a nova novela das 19h, Além do Horizonte, a Globo faz uma aposta ousadíssima. A trama assinada pelos autores estreantes Marcos Bernestein e Carlos Gregório leva a intenção de desafiar o telespectador ás últimas conseqüências. Os autores praticamente "rasgaram" a cartilha do folhetim e apresentaram uma história que envolve aventura e mistério, características elevadas á mais alta potência, o que incomum numa novela. Tanto é que, com seis capítulos exibidos, Além do Horizonte ainda não se mostrou por inteiro. Pelo contrário. Fazendo juz ao título da obra, não se sabe o que existe além do que foi dito e mostrado na semana de estréia.

Os seis primeiros capítulos explicaram pouca coisa ao público. Sabe-se, basicamente, que a intempestiva Lili(Juliana Paiva), depois de 10 anos acreditando que seu pai, LC(Antônio Calloni), estava morto, leu uma carta deixada por ele na qual ele explica que foi "em busca da felicidade concreta" e começou a acreditar que ele pudesse estar vivo. A mocinha ainda descobriu, através da mãe, Heloísa(Flávia Alessandra), que o pai tinha uma amante chamada Tereza(Carolina Ferraz). Tereza, por sua vez era tia de William(Thiago Rodrigues) e também desapareceu "em busca da felicidade concreta" tal qual LC. Disposta a investigar a história, Lili foi até a casa da suposta amante do pai e encontrou William. Exatamente no dia em que Marllon(Rodrigo Simas), irmão do rapaz, também desaparece pra buscar a tal felicidade concreta. Numa convivência meio tumultuada, Lili e William perceberam que têm o mesmo objetivo e que o desaparecimento de seus parentes possuem alguma ligação. No atual ponto da história, Marllon, o irmão de William, está embarcando numa misteriosa jornada pela Amazônia ao lado de Paulinha(Christiana Ubrach), que deixou o namorado Rafa(Vinícius Tardivo) para ir também em busca dos mesmos objetivos dos demais personagens que desapareceram. Rafa, por sua vez, está tentando descobrir o que fez sua namorada se mandar. Acabou encontrando um misterioso grupo, liderado por Jorge(Cássio Gabus Mendes), cujos ideias são essa busca pela felicidade, e passou a frequentá-lo.

Sendo assim, há várias perguntas sem resposta: por quê LC e Tereza sumiram no mundo? Que jornada pela selva é essa na qual Marllon e Paulinha embarcaram? Qual é o negócio comandado pelo vilão Kléber(Marcello Novaes), o manda-chuva do lugarejo de Tapiré, onde se passa parte da trama? Quem era o cara morto no primeiro capítulo pela misteriosa "besta", que assombra os moradores da cidadezinha? Será que essa "besta" existe mesmo, ou é lenda popular? Ou será, na verdade, uma quadrilha cometendo crimes naquela região? E do que trata, afinal, o grupo do qual Jorge é líder e o que significa, para seus seguidores, essa tal felicidade concreta? Quer dizer, não há trama que se mostre por inteiro. Os autores levam o tom misterioso e aventuresco da novela ao limite, propondo um jogo de aparências á audiência.

Ao telespectador, resta duas opções: embarcar no clima de mistério da trama e esperar que algumas respostas sejam logo elucidadas(além de criar suas próprias teorias para a tal jornada na qual os personagens embarcam). Ou achar que a história não caminha pra lugar nenhum e desligar a TV. Boa parte do público, aparentemente, preferiu a segunda opção, tanto é que Além do Horizonte, em sua primeira semana, já amarga a mais baixa audiência de todos os tempos no horário das 19h. Ontém de acordo com a prévia, a novela registrou somente 16 pontos, índice que a Globo almeja para a faixa da tarde.

Marcos Bernestein e Carlos Gregório estão pagando pela ousadia. Apostar numa trama que oferece mais perguntas do que respostas é sempre arriscadíssimo, ainda mais no terreno conservador do folhetim. Mas os autores não investem no mistério pelo mistério. Há uma história sendo contada(se bem ou mal contada, só o decorrer dos capítulos dirá). Segundo os próximos resumos da trama, já na semana que vem começará a ação que deve ser o mote da novela: Lili e William também se unirão ao grupo que busca a felicidade concreta para descobrir o que aconteceu com seus parentes. De temperamentos diferentes, os dois acabarão se apaixonando e formarão um triângulo amoroso com Rafa. Ou seja: dentro do clima de aventura e mistério de Além do Horizonte, ainda existe espaço para o romance folhetinesco. Merece destaque também a iniciativa da Globo em apostar uma novela mais dramática nesse horário, normalmente destinado ás tramas mais leves e bem-humoradas. Sua antecessora, Sangue Bom, já tinha, em geral, essa pegada mais "séria", o que comprova que a emissora está disposta a tornar a faixa das 19h em uma faixa de experimentações.

Como tem se mostrado aos poucos, é provável que Além do Horizonte também decole aos poucos. Afinal, a trama está apenas no começo. Conforme os personagens forem descobrindo o que existe além de seus próprios horizontes, é possível também que a novela cresca e apareça.