quinta-feira, 17 de outubro de 2013

"A Mulher do Prefeito" entrelaça política e humor.


Conflitos e comportamentos femininos já foram retratados muitas vezes por Denise Fraga. Atriz inspirada e de boas idéias, na companhia de seu marido, o diretor Luiz Villaça, ela já provocou gargalhadas e lágrimas em quadros produzidos para o Fantástico. Casos de Dias de Glória, Álbum de Casamento e, sobretudo, Retrato Falado - reprisado ainda hoje no canal pago Viva. Depois de tanto tempo, não chega a ser novidade que a comicidade tipicamente feminina de Denise tenha entrado em modo de repetição e, consequentemente, desgaste. Depois de sair do programa dominical, a atriz ainda teve uma rara empreitada dramática, vivendo a traumatizada Bia na minissérie Queridos Amigos(2008), protagonizou a insossa série Norma(2009) e depois se distanciou da TV. Hoje percebe-se que o tempo fora do ar foi fundamental pra ela e sua equipe. E esse frescor fica evidente em A Mulher do Prefeito, série que estreou há duas semanas, nas noites de sexta-feira.

A tarefa de Denise não é das mais fáceis. Espécie de "buraco negro" da programação, o último produto que realmente teve repercussão nesse horário foi Os Normais. No entanto, com elenco de primeira e co-produção da O2 Filmes, produtora de Fernando Meirelles, a atriz está em boa sintonia pra tentar agradar o público. A história de A Mulher do Prefeito poderia acontecer em qualquer cidade brasileira ás vésperas de grandes eventos esportivos. O prefeito da pequena e fictícia Pitanguá, Reinaldo(Tony Ramos), desviou verbas de moradia e infraestrutura para construir um estádio de futebol com o "padrão FIFA". No entanto, no ato da inauguração, o local é fechado por ordem judicial e ele é preso por corrupção. E a única saída do prefeito e seus aliados é que Aurora(Denise) assuma o poder.

Com sensibilidade, o texto de Bernardo Guilherme e Marcelo Gonçalves abusa do clichê político nacional que toma conta dos noticiários. O tema, sim, poderia ser tratado de forma mais contundente. Porém, fazer rir a partir do trágico parece ser uma preocupação maior. A direção segura de Villaça deixa o roteiro mais forte, principalmente ao mostrar as mazelas da pequena cidade. Tudo isso com estética apurada, abusando do visual "Texas encontra interior de São Paulo" e do fundo musical com clássicos dos anos 1970.

O carisma de Tony Ramos comprova mais uma vez a capacidade do ator, que, mesmo em um personagem que foge dos padrões de bom-moço, diverte e chama a cena para si. Na pele do assessor Seixas, Felipe Adib surge "novo" na tela e em nada lembra o malandro Leléo de Tapas & Beijos. Feita sob medida para Denise brilhar, a série ainda dá espaço para outros nomes como Malu Galli e Luciana Carnieli. Na escalação de boa parte do elenco, vê-se um esforço da produção em sair do lugar-comum. Em uma TV de rostos cada vez mais repetidos, é bom ver o desempenho de intérpretes não tão associados ao veículo, casos de Rita Barata e Guilia Shanti.

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