terça-feira, 31 de dezembro de 2013

O melhor e pior da TV em 2013

Olá, gente!

2013 chega ao fim e é hora de relembrar o que deu certo e o que não funcionou na nossa TV esse ano.

O que deu certo:

NOVELAS: Se ao contrário de 2012, não houve esse ano nenhuma novela marcante, por outro lado poucas produções decepcionaram de verdade. Ás 18h acompanhamos o ótimo desfecho de Lado a Lado, que teve um desempenho sofrível na audiência, mas ficou bastante interessante do meio para o final. No mesmo horário, Flor do Caribe pareceu convencional demais a princípio, porém surpreendeu pela narrativa ágil e pelo seu pano de fundo ousado, que abordava o nazismo. Sua substituta, Jóia Rara, é mais um acerto de Duca Rachid e Telma Guedes e, na última semana, ficou ainda mais interessante. E poucas novelas conseguiram retratar personagens complexos tão bem como fez Sangue Bom, a primeira novela inédita de Maria Adelaide Amaral e Vincent Villari, ás 19h. A saga de Bento(Marco Pigossi) e Amora(Sophie Charlotte), romance polêmico que esbarrava nas diferenças de caráter de ambos, não estourou na audiência, mas sua repercussão foi bastante positiva entre o público e a crítica. Merecem destaque tembém o remake de Saramandaia, que passou praticamente batido, mas encantou quem se prestou a ficar acordado até tarde pra assistir aqueles personagens surreais, porém irresistíveis. Da Record, menções honrosas para as divertidas Balacobaco e Dona Xepa. Na atual novela da emissora, Pecado Mortal, Carlos Lombardi mantém suas marcas registradas(homens sem camisa, humor anárquico, correria desenfreada) e ao mesmo tempo se mostra capaz de fazer uma trama mais densa e adulta, como pede o horário das 22h. Chiquititas, no SBT, não repete o mesmo sucesso de Carrossel, mas mostra-se uma novelinha agradável.

MINISSÉRIES E SERIADOS: O Canto da Sereia abriu o ano de 2013 na Globo em grande estilo. O maior mérito desta trama policial inspirada na obra homônima de Nélson Motta foi retratar a Bahia e seus costumes de forma não-estereotipada, como é tão comum em outras produções. Pé na Cova reafirmou o talento de Miguel Falabella para escrever seriados. A série consegue fazer comédia com um assunto delicado como a morte sem resvalar para o mau gosto, o que é muito difícil. As terceiras temporadas de Tapas e Beijos e Louco por Elas(que foi definitivamente encerrada esse ano) também divertiram, mesmo já apresentando sinais de desgaste. E A Mulher do Prefeito trouxe Denise Fraga de volta a TV em grande estilo.

ATORES: Mateus Solano faturou todas as premiações de 2013 para melhor ator e aqui não poderia ser diferente. Seu personagem em Amor á Vida, o malvado Félix, a princípio parecia um vilão efeminado demais para um personagem descrito como enrustido(e também para a proposta dramática da obra), mas aos poucos foi se tornando a sensação da novela. Na mesma trama, Antônio Fagundes, na pele do homofóbico César, esteve inspirado como há tempos não se via. Em Sangue Bom, Marco Pigossi salvou seu personagem de se tornar um chato de galochas. Acho que fui um dos poucos a ter paciência com o Bento, hehehe... Na mesma novela, Humberto Carrão, como o sinistro Fabinho, conduziu muito bem a virada de seu personagem, que se regenerou por amor. Sem falar em Marco Ricca, que teve um personagem difícil nas mãos e segurou bem as pontas. Sérgio Mamberti, voltando á TV, fez do nazista Dionísio, de Flor do Caribe, a própria encarnação do mal. Outros dois veteranos, Juca de Oliveira e Cacá Amaral, também roubaram a cena na trama de Walther Negrão. José de Abreu em Jóia Rara prova que é possível sim interpretar vilões e dar feições diferentes a cada um deles. Na trama das 6, Bruno Gagliasso teve uma raríssima chance de viver um personagem que foge do rótulo de problemático ou esquisitão e não decepciona. Aplausos pra ele. E uma menção honrosa para Gabriel Braga Nunes em Saramandaia.

ATORES COADJUVANTES: Thiago Fragoso fez de Niko um dos personagens mais simpáticos de Amor á Vida, isso depois de já ter se saído muito bem como um dos protagonistas de Lado a Lado. Na atual novela das 9, Anderson di Rizzi está ótimo como o ingênuo Carlito. Nunca foi explicado o porque de ele ser chamado de "palhaço" á exaustão por Valdirene(Tatá Werneck), mas mesmo assim o apelido caiu na boca do povão. Luís Mello interpretou praticamente dois papéis na novela, o finíssimo Atílio e o despachado Gentil, personalidade adiquirida pelo advogado depois de perder a memória. E se saiu muitíssimo bem. Pena o ator poder ser visto na reprise de O Cravo e a Rosa vivendo um personagem idêntico ao atual. Esse tipo de repetição é um problema velho que a Globo precisa resolver... Ricardo Tozzi, depois de vários papéis cômicos, está dando conta do recado em um personagem mais dramático como o Thales. Menções honrosas para Armando Babaioff em Sangue Bom, Luiz Carlos Vasconcellos, Raphael Vianna e José Loreto em Flor do Caribe, Thiago Lacerda e Domingos Montanager em Jóia Rara e Matheus Nachtergaele em Saramandaia.

REVELAÇÕES MASCULINAS: Quem diria que um descendente de Sílvio Santos faria sucesso na Globo! Tiago Abravanel, neto do dono do SBT, agradou tanto em Salve Jorge que seu personagem, antes um mero figurante no dispensável núcleo turco, fosse integrado á trama principal. Na mesma novela, Adriano Garib conseguiu dar alguma credibilidade a Russo, um torturador de mulheres que não metia medo em ninguém. Amor á Vida trouxe as ótimas atuações dos novatos Rainer Cadete, Kiko Pissolato e Felipe Tito, que tiveram seus personagens aumentados no decorrer da obra. E menções honrosas para Igor Riccki e José Henrique Ligabue em Flor do Caribe, Maurício Destri em Sangue Bom e Sérgio Guizé em Saramandaia.

ATRIZES: Suzana Vieira voltou aos tempos de ótima atriz como a Pilar de Amor á Vida. Sua personagem até possui características da própria Suzana, mas num grau bem menor do que em seus últimos trabalhos na TV. A veterana conseguiu humanizar a esposa traída de César(Antônio Fagundes) e fazer o público torcer por ela. Os altos e baixos de Paloma, que é bastante esperta em certos momentos e muito ingênua em outros, não impedem Paolla Oliveira de brilhar na trama das 9, muito mais até do que nas outras duas novelas em que foi protagonista, Insensato Coração e O Profeta. Na mesma novela, Elizabeth Savalla diverte e emociona na pele da ex-chacrete Márcia. E o que dizer de Vanessa Giácomo como a vingativa Aline? Perfeita! Em Salve Jorge, Giovanna Antonelli fez a diferença vivendo a delegada Helô, que com o tempo passou a dividir o posto de protagonista com Morena(Nanda Costa). Sangue Bom reuniu três talentosíssimas atrizes no núcleo principal, Sophie Charlotte, Fernanda Vasconcellos e Isabelle Drummond. A primeira teve nas mãos uma das personagens mais complexas da teledramaturgia e surpreendeu positivamente. Amora chegou mesmo a ser cruel, mas sempre se mostrou sensível. A segunda soube emprestar força e firmeza a uma mocinha que tinha tudo pra não empolgar. Malu foi demais! E a terceira transformou a marrenta Giane numa das personagens mais carismáticas da trama de Maria Adelaide Amaral e Vincent Villari. Na mesma novela, menções honrosas para: Giulia Gam, que fez de Bárbara Ellen uma vilã divertida mesmo quando não tinha mais função alguma, e Déborah Evelyn, que deu conta do recado como a sensível Irene. Grazi Massafera evoluiu bastante como atriz em Flor do Caribe. E destaque também para Vera Holtz, impagável como a Dona Redonda de Saramandaia.

ATRIZES COADJUVANTES: Toda vez que a traicoenta Amarilys de Amor á Vida entra em cena, o público se morde de raiva. Mérito total de sua intérprete, Danielle Winits, que prova ser capaz de fazer papéis bem melhores do que o de gostosona. A trama que envolve Perséfone só não é mais boboca graças ao talento de Fabiana Karla. Bruna Linzmeyer, como a autista Linda, emociona nas poucas vezes em que aparece em cena. Sangue Bom reuniu coadjuvantes maravilhosas, Letícia Sabatella, Regiane Alves, Marisa Orth e Ingrid Guimarães. Letícia e Regiane deram vida á duas mulheres deliciosamente imperfeitas, totalmente possíveis de encontrar na vida, enquanto Marisa e Ingrid arrancaram boas gargalhadas ao viverem personagens malucas, porém irresistíveis. Sem esquecer da ótima participação de Andréia Horta, como a sofrida Simone, e Maria Helena Chira, a psicopata perfeita na pele de Lara Keller. Menções honrosas ainda para Cyra Coentro em Flor do Caribe, Laila Zaid, uma presença luminosa em Além do Horizonte, e Chandelly Braz que soube fazer da Marcina de Saramandaia uma mocinha fogosa e pura ao mesmo tempo.

REVELAÇÕES FEMININAS: Apesar de o núcleo da Valdirene em Amor á Vida ter caído na repetição, ninguém pode negar que foi acertadíssima a escalação de Tatá Werneck pra viver a periguete frustrada. A ex-MTV não precisa fazer caras e bocas pra ser engraçada, a graça é espontânea. Maria Casadevall continua muito bem como a Patrícia, mesmo sua personagem sendo totalmente dispensável a essa altura da trama. Menções honrosas ainda para Tatiana Alvin, Aline Dias e Tuna Dwek em Sangue Bom e Laura Neiva em Saramandaia.


O que não funcionou:

NOVELAS: Salve Jorge provou que tramas policiais não são o forte de Glória Perez. A trama, que falava sobre tráfico de pessoas, causou risos quando deveria ser séria. Foi uma das novelas mais idiotas do horário nobre da Globo. Amor á Vida teve vários méritos, mas mostra que Walcyr Carrasco não está totalmente preparado para o horário das 9. Seu texto deixa muito a desejar. Quando não apela para piadinhas tolas e fora de hora, recorre a um didatismo forçado. E esticar a trama também não foi um bom negócio. Ás 19h, antes de assistir á excelente Sangue Bom, tivemos que conferir o péssimo desfecho do equivocado remake de Guerra dos Sexos. O mote dessa trama(a competição entre homens e mulheres) fez sucesso nos anos 80, mas soou totalmente ultrapassada nos dias de hoje. Mas o maior equivoco de 2013 em termos de novela foi mesmo Além do Horizonte. A proposta de uma novela mais dramática ás 7 da noite era interessante, mas a trama dos estreantes Marcos Bernstein e Carlos Gregório se perdeu logo no início ao lançar uma série de mistérios sem solução ao público, dando a impressão de que não tem história. Resultado: a audiência é a mais baixa de todos os tempos no horário.

MINISSÉRIES E SÉRIES: A Grande Família, que está no ar desde 2001, teve esse ano sua pior temporada. O desgaste da série e o cansaço do elenco são evidentes. Parece que a temporada de 2014 será a última do programa, mas era bem melhor ter encerrado já em 2013. O Dentista Mascarado marcou a estréia desastrosa de Marcelo Adnet na Globo e ainda reforçou a mesmice do texto dos roteiristas Alexandre Machado e Fernanda Young. Os dois andam preguiçosos e com mania de copiarem a si mesmos a cada trabalho. Não que eles sejam os únicos autores a se repetirem, mas ambos emplacam uma série a cada ano, sem tempo de descanso. Assim, fica difícil!

ATORES: Rodrigo Lombardi pagou mico em Salve Jorge defendendo um mocinho absolutamente sem sal como o capitão Théo. O sensível Bruno de Amor á Vida era a chance de Malvino Salvador mostrar que é mais do que músculos bem torneados, mas o galã não convence. Sua canastrice nas cenas mais dramáticas chega a ser constrangedora. Na mesma novela, Juliano Cazarré está totalmente perdido na pele do sem noção Ninho, o personagem mais rejeitado pelo público da novela. Em Jóia Rara, Carmo Dalla Vecchia, vivendo mais uma vez um vilão, repete os trejeitos do obcecado Fernando de Amor Eterno Amor. O piloto Cassiano de Flor do Caribe passou por situações trágicas, da qual seu intérprete, Henri Castelli, não soube dar conta. E menções desonrosas para Rômulo Neto e Josafá Filho em Sangue Bom; Thiago Rodrigues, Vinícius Tardivo e Igor Angelkorte em Além do Horizonte; e Marcos Pasquim em Saramandaia.

ATRIZES: Cláudia Raia realmente não nasceu pra interpretar vilãs. A pérfida Lívia Marini de Salve Jorge nunca convenceu. Os momentos em que a chefona do tráfico humano sacava sua seringa pra acabar com seus inimigos virou alvo de chacota geral. Eliane Giardini exala preguiça como a enfermeira Ordália em Amor á Vida. Não existe nenhuma diferença entre sua atual personagem e a Muricy de Avenida Brasil. E as personagens anteriores da atriz... Bianca Bin atualmente se sai bem como a mocinha de Jóia Rara, mas na pele da vilazinha Carolina de Guerra dos Sexos esteve permanentemente com "cara de paisagem". Na atual novela das 6, Carolina Dieckmann mais uma vez prova sua extrema limitação como atriz vivendo Iolanda, sua primeira personagem de época. A despachada Rosemere de Sangue Bom era uma personagem interessantíssima, mas naufragou nas mãos de Malu Mader. A musa simplesmente não conseguiu vestir confortavelmente o uniforme de garçonete do bar Cantaí e ainda deixou a personagem mais grossa e chata do que já era. Da mesma novela, uma menção desonrosa pra Carla Salle, a artificialidade em pessoa como a fútil Mel. Lívia de Bueno, na pele da Laura de Saramandaia, teve a expressividade de um chuchu.

E por fim, uma menção especial para Marina Ruy Barbosa. A ruivinha roubou a cena no início de Amor á Vida como a órfã milionária Nicole, de modo que sua trama era a mais envolvente da novela. Mas a polêmica em torno dos cabelos da atriz, que se recusou a raspá-los para incorporar o drama da personagem, que sofria de câncer, acabou ofuscando essa ótima história e fazendo com que Walcyr Carrasco resolvesse matar a personagem. Se a atriz fez certo ou não ao se recusar a raspar a cabeça, é outra questão. Mas caiu na besteira de aceitar continuar na trama mesmo depois da morte de Nicole, como um fantasminha que assombrou os golpistas que ficaram com sua fortuna. Um erro em todos os sentidos. Pra sorte da atriz, a "noiva-cadáver" agora descansa em paz definitivamente. Ufa!


E aí? Pra vocês, o que deu certo e o que não funcionou na TV em 2013? Opinem e tenham um Feliz Ano Novo! Até mais!

domingo, 8 de dezembro de 2013

Horário de verão bagunça programação da Globo em metade do país

Em 2008, quando o Ministério da Justiça determinou que as emissoras de TV passassem a respeitar a classificação indicativa de seus programas(que está atrelada a horários a partir das 20h) de acordo com a hora local de cada região do Brasil, a Rede Globo adotou um sinal diferenciado para as regiões com 1 ou até 2 horas de atraso em relação ao horário de Brasília, que ficou conhecido como Rede Fuso. Nos estados de MT, MS, e Região Norte, a programação global sofreu mudanças significativas. Exemplo: Após o Jornal Nacional, entrava no ar a novela das 19h(na época, Beleza Pura) e, em seguida, a novela das 21h(na época, Duas Caras, que tinha classificação de 14 anos e só podia entrar no ar nesse horário). Com isso, o futebol ao vivo nas quartas-feiras dançou, uma vez que coincidia com o horário da novela. Depois de Duas Caras, era exibido o Cinema Especial e, antes do Jornal da Globo, era exibido um compacto de 20 minutos do jogo transmitido em grande parte da rede.

Essa situação durou até junho daquele ano quando Duas Caras foi substituída por A Favorita, classificada para maiores de 12 anos. Assim, o futebol voltou a passar ao vivo nessas regiões, mas a exibição da novela das 7 nesses dias acabou afetada, com capítulos que não chegavam a 20 minutos de duração. A Rede Fuso até procurava compensar a curta duração da novela ás quartas-feiras, com capítulos mais longos na quinta e na sexta, mas dessa forma, acabava atrasando ainda mais a programação. Detalhe: o Jornal da Globo nessas regiões(com exceção das quartas-feiras de futebol) é até hoje exibido gravado e, consequentemente, desatualizado.

Em outubro de 2009, as afiliadas globais dos estados fora do horário de verão(como a Região Nordeste) também passaram a integrar a chamada Rede Fuso. Telespectadores de Pernambuco, por exemplo, passaram a assistir ao JN ás 19h15(pelo horário local), logo depois á novela das 7(na época, Caras & Bocas) e em seguida á trama das 9(na época, Viver a Vida). Essa prática é adotada até hoje. Quando a Globo promoveu em seu horário nobre alterações que seguem até hoje (a novela das 6, passou a ir ao ar ás 18h25, a das 7 ás 19h30, o JN ás 20h30, e a novela das 9 ás 21h10) deu início á outro problema nos estados com fuso horário diferente e nos que não seguem o horário de verão: as transmissões de futebol ás quartas começam com mais de 10 minutos de bola rolando. Ou seja: o telespectador dessas regiões começa a ver o jogo sem saber direito as escalações dos times e quem está apitando a partida e, ás vezes, já tendo saído um gol! Na Região Norte, em época de horário de verão(quando a diferença de fuso é de 2 horas), a situação é ainda pior: só é possível assistir o futebol a partir do segundo tempo!

Quando há transmissões de eventos especiais em horários incomuns, a bagunça toma conta da programação. Um dia desses, quando rolou jogo da Seleção Brasileira num sábado á noite, os telespectadores do Nordeste ficaram sem assistir á novela Além do Horizonte para que a transmissão do jogo pudesse passar na íntegra. No Acre, cuja diferença de fuso nessa época do ano é de 3 horas, a partida começou a ser transmitida depois da novela das 7, e Amor á Vida foi exibida ás 21h30 locais, depois do futebol. E esse ano, o reality musical The Voice Brasil passou a ir ao ar nas noites de quinta-feira, depois da novela. Atendendo a pedidos do público das regiões Norte e Nordeste do país, a Globo adequou sua grade pra que o programa pudesse passar ao vivo também nessas regiões. Com isso, não só a novela das 19h, mas também a das 21h ficaram com capítulos mais curtos em relação á rede. Á exceção, aparentemente, foi no Acre, onde alguns telespectadores dizem que Amor á Vida está indo ao ar após o The Voice.

Telespectadores criticam diariamente a desordem que tomou conta da programação global em metade do país por conta do horário de verão. Mas a Globo não é a única culpada. Os responsáveis por isso são os pseudo-censores do Governo que, não contentes em atrelar a famigerada classificação indicativa á horários, ainda obrigam as emissoras a terem uma programação diferente em cada região do país. E ocasionam exibições de telejornais gravados e desatualizados, transmissões que iniciam com jogos já em andamento, novelas com capítulos curtíssimos em um dia e absurdamente longos em outro(e que, assim, perdem o chamado "gancho", situação que visa prender o público para o próximo capítulo)... Enquanto o nosso governo não cogitar mudanças nas leis de classificação indicativa e de fuso horário, a tendência é que esses transtornos continuem. Infelizmente!

sábado, 30 de novembro de 2013

Os estranhos critérios do Prêmio Emmy Internacional de TV

Alô, galera! Estou de volta!

A vitória da novela Lado a Lado(2012) na categoria "melhor novela" do Prêmio Emmy Internacional de TV foi um dos assuntos da semana. A trama de João Ximenes Braga e Cláudia Lage desbancou a grande favorita ao troféu, que era Avenida Brasil(2012). Muitos críticos e noveleiros de plantão aqui do Brasil dizem que era óbvio que Lado a Lado ganharia o troféu. Mas por quê será que isso ocorreu?

Pra quem não se lembra, Lado a Lado amargou a mais baixa audiência da história do horário das 18h, mesmo tendo ganho a simpatia da crítica especializada e vários fãs. Essa novela teve várias qualidades, foi feliz ao retratar a saga de duas mulheres á frente de sua época, Laura(Marjorie Estiano) e Isabel(Camila Pitanga), mas seu contexto era histórico demais não só para o horário das 6 como também para o período em que foi exibida, em pleno horário de verão. E essa época não é lá muito propícia para exibição de novelas de época.

Por outro lado Avenida Brasil foi um supersucesso, não tanto de audiência, mas principalmente de repercussão. A saga da vingança de Rita/Nina(Débora Falabella) contra a ex-madrasta Carminha(Adriana Esteves) mexeu com o país inteiro e virou cult, como há muitos anos não se via. Antes de Avenida, só A Favorita(2012) havia causado o mesmo frisson, o que prova que João Emanuel Carneiro, autor das duas novelas, virou o queridinho do horário nobre da Globo, que há tempos precisava de renovação em seu quadro de novelistas. Por isso, apostava-se nessa novela para faturar o cobiçado prêmio.

Essa não é a primeira vez que uma novela sem grande repercussão fatura o Emmy. Em 2009, Caminho das Índias, de Glória Perez, ganhou na categoria "melhor novela do mundo". Um exagero! Nessa época, a audiência do horário das 21h estava em declínio e a média geral de Caminho ficou um ponto abaixo da meta esperada. Além disso, a trama recebia inúmeras críticas por retratar a cultura indiana de forma não muito "real" e pelo casal protagonista, formado por Juliana Paes e Márcio Garcia(esse último, aliás, praticamente, sumiu do enredo). Foram as tramas ambientadas no Brasil que sustentaram a novela. Em 2011, o irregular remake de O Astro também ganhou um prêmio parecido. E até a sonolenta Araguaia(2010) chegou a ser indicada. Dizem que os jurados do Emmy não têm acesso ás novelas inteiras, apenas a capítulos alvulsos, selecionados pela própria Globo, e que não levam tanto em conta a repercussão ou a qualidade das histórias.

Então, quais seriam esses critérios avaliados pelos jurados do Prêmio Emmy? Eles se deixam influenciar por figurinos e cenários exuberantes? Efeitos especiais bem-feitos? Estéticas apuradas? Difícil de entender. Mas sejam quais forem, esses critérios precisam ser revistos. Afinal, o que faz uma produção televisiva ser considerada excelente ou péssima é, foi e sempre será o roteiro. De qualquer forma, é bom ver nossas novelas e séries serem reconhecidas lá fora!




domingo, 10 de novembro de 2013

"Além do Horizonte": Autores pagam pela ousadia

Com a nova novela das 19h, Além do Horizonte, a Globo faz uma aposta ousadíssima. A trama assinada pelos autores estreantes Marcos Bernestein e Carlos Gregório leva a intenção de desafiar o telespectador ás últimas conseqüências. Os autores praticamente "rasgaram" a cartilha do folhetim e apresentaram uma história que envolve aventura e mistério, características elevadas á mais alta potência, o que incomum numa novela. Tanto é que, com seis capítulos exibidos, Além do Horizonte ainda não se mostrou por inteiro. Pelo contrário. Fazendo juz ao título da obra, não se sabe o que existe além do que foi dito e mostrado na semana de estréia.

Os seis primeiros capítulos explicaram pouca coisa ao público. Sabe-se, basicamente, que a intempestiva Lili(Juliana Paiva), depois de 10 anos acreditando que seu pai, LC(Antônio Calloni), estava morto, leu uma carta deixada por ele na qual ele explica que foi "em busca da felicidade concreta" e começou a acreditar que ele pudesse estar vivo. A mocinha ainda descobriu, através da mãe, Heloísa(Flávia Alessandra), que o pai tinha uma amante chamada Tereza(Carolina Ferraz). Tereza, por sua vez era tia de William(Thiago Rodrigues) e também desapareceu "em busca da felicidade concreta" tal qual LC. Disposta a investigar a história, Lili foi até a casa da suposta amante do pai e encontrou William. Exatamente no dia em que Marllon(Rodrigo Simas), irmão do rapaz, também desaparece pra buscar a tal felicidade concreta. Numa convivência meio tumultuada, Lili e William perceberam que têm o mesmo objetivo e que o desaparecimento de seus parentes possuem alguma ligação. No atual ponto da história, Marllon, o irmão de William, está embarcando numa misteriosa jornada pela Amazônia ao lado de Paulinha(Christiana Ubrach), que deixou o namorado Rafa(Vinícius Tardivo) para ir também em busca dos mesmos objetivos dos demais personagens que desapareceram. Rafa, por sua vez, está tentando descobrir o que fez sua namorada se mandar. Acabou encontrando um misterioso grupo, liderado por Jorge(Cássio Gabus Mendes), cujos ideias são essa busca pela felicidade, e passou a frequentá-lo.

Sendo assim, há várias perguntas sem resposta: por quê LC e Tereza sumiram no mundo? Que jornada pela selva é essa na qual Marllon e Paulinha embarcaram? Qual é o negócio comandado pelo vilão Kléber(Marcello Novaes), o manda-chuva do lugarejo de Tapiré, onde se passa parte da trama? Quem era o cara morto no primeiro capítulo pela misteriosa "besta", que assombra os moradores da cidadezinha? Será que essa "besta" existe mesmo, ou é lenda popular? Ou será, na verdade, uma quadrilha cometendo crimes naquela região? E do que trata, afinal, o grupo do qual Jorge é líder e o que significa, para seus seguidores, essa tal felicidade concreta? Quer dizer, não há trama que se mostre por inteiro. Os autores levam o tom misterioso e aventuresco da novela ao limite, propondo um jogo de aparências á audiência.

Ao telespectador, resta duas opções: embarcar no clima de mistério da trama e esperar que algumas respostas sejam logo elucidadas(além de criar suas próprias teorias para a tal jornada na qual os personagens embarcam). Ou achar que a história não caminha pra lugar nenhum e desligar a TV. Boa parte do público, aparentemente, preferiu a segunda opção, tanto é que Além do Horizonte, em sua primeira semana, já amarga a mais baixa audiência de todos os tempos no horário das 19h. Ontém de acordo com a prévia, a novela registrou somente 16 pontos, índice que a Globo almeja para a faixa da tarde.

Marcos Bernestein e Carlos Gregório estão pagando pela ousadia. Apostar numa trama que oferece mais perguntas do que respostas é sempre arriscadíssimo, ainda mais no terreno conservador do folhetim. Mas os autores não investem no mistério pelo mistério. Há uma história sendo contada(se bem ou mal contada, só o decorrer dos capítulos dirá). Segundo os próximos resumos da trama, já na semana que vem começará a ação que deve ser o mote da novela: Lili e William também se unirão ao grupo que busca a felicidade concreta para descobrir o que aconteceu com seus parentes. De temperamentos diferentes, os dois acabarão se apaixonando e formarão um triângulo amoroso com Rafa. Ou seja: dentro do clima de aventura e mistério de Além do Horizonte, ainda existe espaço para o romance folhetinesco. Merece destaque também a iniciativa da Globo em apostar uma novela mais dramática nesse horário, normalmente destinado ás tramas mais leves e bem-humoradas. Sua antecessora, Sangue Bom, já tinha, em geral, essa pegada mais "séria", o que comprova que a emissora está disposta a tornar a faixa das 19h em uma faixa de experimentações.

Como tem se mostrado aos poucos, é provável que Além do Horizonte também decole aos poucos. Afinal, a trama está apenas no começo. Conforme os personagens forem descobrindo o que existe além de seus próprios horizontes, é possível também que a novela cresca e apareça.



segunda-feira, 28 de outubro de 2013

"The Voice Brasil" muda de horário, mas jurados continuam sem graça

      
A Globo aposta alto no The Voice Brasil. Grande prova disso é que o "reality" musical passou a ocupar uma fatia do horário nobre em sua segunda temporada. Antes exibido nas tardes de domingo, o programa agora tem possibilidades de atingir um público maior, já que vai ao ar ás quintas logo depois de Amor á Vida. Nos números, ficou comprovado: pelo menos na estréia, a atração registrou 24 pontos de média. Quando ocupava os domingos, o primeiro episódio marcou 15.

Mas enquanto a audiência cresce, a falta de carisma do corpo de jurados continua a mesma. Importantes para o andamento da competição, além de escolherem os participantes que seguirão em frente na competição, Carlinhos Brown, Cláudia Leitte, Daniel e Lulu Santos ensaiam os grupos de cantores que formam e têm um tempo de tela bem superior ao do apresentador, Tiago Leifert. E o que se vê entre eles são piadas sem graça, disputa de egos e ausência total de entrosamento. Ainda falta naturalidade diante das câmeras. A impressão que se tem é que cada um ali quer encarnar um personagem.

Já os cantores que participam do programa apresentam um característica comum a quase todos: berrar. Talvez por se espelharem em candidatos das versões do The Voice de outros países ou por, simplesmente, acreditarem que assim chamarão a atenção dos jurados. Mas nem sempre chamam. Muitas vezes, um cantor se "esgoela" no palco, até de forma afinada, mas não tem nenhuma cadeira virada para si. Aliás, esse é o ápice do programa: esperar que ao menos um dos técnicos vire sua cadeira para um cantor em sinal de que o deseja em seu time. Quando isso não acontece e o participante, mesmo assim, agrada a plateia, a frustração se instala. É aí que o programa ganha, ao trabalhar com as emoções do telespectador.

A novidade da atual temporada é a entrada de Miá Mello no lugar de Danielle Suzuki. Responsável por mostrar os bastidores da competição e conversar com as famílias de alguns candidatos, Miá trouxe para a produção um pouco do seu humor, já explorado em produções como Casseta & Planeta Vai Fundo e Meu Passado Me Condena, do Multishow.

O grande objetivo do The Voice Brasil é revelar um novo talento da música brasileira. Mas nem sempre isso se amplia para muito além das margens da competição. Éllen Oléria, vencedora da primeira temporada, não estourou. No máximo, vez ou outra, apareceu em programas da Globo. Dessa vez, a pretensão de alavancar a audiência com o novo horário pode ser uma aliada nesse sentido. E quem sabe o vencedor sobreviva ao "reality".

quinta-feira, 17 de outubro de 2013

"A Mulher do Prefeito" entrelaça política e humor.


Conflitos e comportamentos femininos já foram retratados muitas vezes por Denise Fraga. Atriz inspirada e de boas idéias, na companhia de seu marido, o diretor Luiz Villaça, ela já provocou gargalhadas e lágrimas em quadros produzidos para o Fantástico. Casos de Dias de Glória, Álbum de Casamento e, sobretudo, Retrato Falado - reprisado ainda hoje no canal pago Viva. Depois de tanto tempo, não chega a ser novidade que a comicidade tipicamente feminina de Denise tenha entrado em modo de repetição e, consequentemente, desgaste. Depois de sair do programa dominical, a atriz ainda teve uma rara empreitada dramática, vivendo a traumatizada Bia na minissérie Queridos Amigos(2008), protagonizou a insossa série Norma(2009) e depois se distanciou da TV. Hoje percebe-se que o tempo fora do ar foi fundamental pra ela e sua equipe. E esse frescor fica evidente em A Mulher do Prefeito, série que estreou há duas semanas, nas noites de sexta-feira.

A tarefa de Denise não é das mais fáceis. Espécie de "buraco negro" da programação, o último produto que realmente teve repercussão nesse horário foi Os Normais. No entanto, com elenco de primeira e co-produção da O2 Filmes, produtora de Fernando Meirelles, a atriz está em boa sintonia pra tentar agradar o público. A história de A Mulher do Prefeito poderia acontecer em qualquer cidade brasileira ás vésperas de grandes eventos esportivos. O prefeito da pequena e fictícia Pitanguá, Reinaldo(Tony Ramos), desviou verbas de moradia e infraestrutura para construir um estádio de futebol com o "padrão FIFA". No entanto, no ato da inauguração, o local é fechado por ordem judicial e ele é preso por corrupção. E a única saída do prefeito e seus aliados é que Aurora(Denise) assuma o poder.

Com sensibilidade, o texto de Bernardo Guilherme e Marcelo Gonçalves abusa do clichê político nacional que toma conta dos noticiários. O tema, sim, poderia ser tratado de forma mais contundente. Porém, fazer rir a partir do trágico parece ser uma preocupação maior. A direção segura de Villaça deixa o roteiro mais forte, principalmente ao mostrar as mazelas da pequena cidade. Tudo isso com estética apurada, abusando do visual "Texas encontra interior de São Paulo" e do fundo musical com clássicos dos anos 1970.

O carisma de Tony Ramos comprova mais uma vez a capacidade do ator, que, mesmo em um personagem que foge dos padrões de bom-moço, diverte e chama a cena para si. Na pele do assessor Seixas, Felipe Adib surge "novo" na tela e em nada lembra o malandro Leléo de Tapas & Beijos. Feita sob medida para Denise brilhar, a série ainda dá espaço para outros nomes como Malu Galli e Luciana Carnieli. Na escalação de boa parte do elenco, vê-se um esforço da produção em sair do lugar-comum. Em uma TV de rostos cada vez mais repetidos, é bom ver o desempenho de intérpretes não tão associados ao veículo, casos de Rita Barata e Guilia Shanti.

sábado, 12 de outubro de 2013

Foi dada a largada!

Alô, galera! Estou iniciando esse novo blog para comentar assuntos relevantes da nossa TV. Poderei falar sobre outros assuntos também. Aguardem a primeira postagem!