domingo, 16 de fevereiro de 2014

"Em Família" começa com bom rítmo, mas se perde no tempo e na incoerência de idades.

Olá, internautas!

Como Em Família é uma novela com três fases, esperei a nova novela das 9 pular para os dias atuais para falar dela. A trama, que encerrará o "ciclo de Helenas" do autor Manoel Carlos(iniciado em 1981, quando Lílian Lemmertz deu vida á primeira Helena criada pelo novelista em Baila Comigo) e marcará a despedida dele das obras de longa duração, teve seu prólogo, que só acabaria no capítulo 12(que foi ao ar ontem), acelerado pela edição que tornou os primeiros capítulos mais longos do que o normal. Assim, o que se viu na primeira semana foi uma história que vai acontecendo num rítmo mais devagar, porém evitando andar em círculos.

Tanto que logo o ciúme doentio de Laerte(Eike Duarte/Guilherme Leican/Gabriel Braga Nunes) em relação á namorada Helena(Júlia Dalavia/Bruna Marquezine/Júlia Lemmertz) e a seu amigo Virgílio(Arthur Aguiar/Nando Rodrigues/Humberto Martins) atingiu seu ápice, com uma tentativa de assassinato e a prisão do noivo assassino em pleno altar. Na última segunda-feira, Laerte foi condenado, cumpriu um ano de cadeia, foi solto, descobriu que Shirley(Giovana Rispoli/Alice Wegmann/Viviane Pasmanter) teve um filho seu e viajou para a Europa. No mesmo capítulo, houve uma grande passagem de tempo e Em Família finalmente chegou á 2014. Pode-se dizer, então, que a Globo acertou ao antecipar o início da fase atual, pois deu agilidade ao folhetim.

Os capítulos seguintes já não foram tão intensos quanto a primeira semana, mas ainda não se pode dizer que a trama está arrastada. Afinal, algumas tramas já começaram a se desenrolar. Uma delas é a obsessão de Juliana(Vanessa Gerbelli, ótima!) em querer adotar a filha de sua empregada, Gorete(Carol Macedo), que morrerá em breve. Outra história que têm tudo pra agradar é o romance homossexual entre Clara(Giovanna Antonelli) e Marina(Tainá Müller). Talentosas, as duas atrizes conseguem transmitir o encantamento que surge entre suas personagens apenas pelo olhar. Não á toa, o casal já ganhou a torcida do público nas redes sociais. O núcleo principal também se mostra promissor. Sabe-se que Luiza(Bruna Marquezine), filha de Helena e Virgílio, se envolverá com Laerte e irá disputá-lo com a mãe. Helena, com medo de que a filha sofra nas mãos de seu primo como ela sofreu, fará de tudo pra separá-los, mas em determinado momento a paixão que ainda sente por ele falará mais alto. Se isso realmente acontecer, o público estará diante de uma das Helenas mais controversas já criadas por Maneco. Afinal, o que caracteriza as heroínas do autor é o fato de serem transgressoras, capazes de errar e acertar ao mesmo tempo. Algo que ficou faltando nas últimas Helenas(a de Taís Araújo em Viver a Vida, a de Regina Duarte em Páginas da Vida e a de Christiane Torloni em Mulheres Apaixonadas). Ao que tudo indica, a atual Helena, ao contrário das anteriores, é de fato a protagonista de Em Família. Tomara!

Um ponto que dividiu opiniões na primeira semana foi o elenco de desconhecidos. É sempre bem-vinda a aposta em caras novas, mas nem todos os novatos que atuaram nas duas primeiras fases de Em Família se saíram bem. Júlia Dalavia, Eike Duarte e Arthur Aguiar, que formaram o trio protagonista no início da adolescência, ficaram devendo. Na segunda fase, Bruna Marquezine, Guilherme Leican e Nando Rodrigues assumiram os personagens e foram mais convincentes. Juliana Araripe e Camila Raffanti alternaram bons e maus momentos vivendo as irmãs Chica e Selma, respectivamente. Na ala jovem, o grande destaque foi a venenosa Shirley tanto na primeira fase(vivida por Giovana Rispoli) quanto na segunda(interpretada por Alice Wegmann). Já Oscar Magrini, que viveu Ramiro, parece interpretar sempre ele mesmo. Mas nada em Em Família é mais estranho do que as discerpâncias na idade dos personagens. Mais difícil do que acreditar que Natália do Valle(Chica) pode ser mãe de Júlia Lemmertz, sendo uma só dez anos mais velha que a outra, ou que Ana Beatriz Nogueira(Selma) possa ser mãe de Gabriel Braga Nunes com uma diferença de idade de apenas sete anos, é acreditar que Vanessa Gerbelli(Juliana) pode ser tia de Júlia Lemmertz sendo 10 anos mais nova do que ela. Vai ser difícil se acostumar a ver Júlia chamar Vanessa de tia durante toda a novela...

A passagem de tempo na novela também foi estranha. A segunda fase se passou em 1990, isso pode-se concluir pela data do julgamento de Laerte mencionada na trama, que é 15 de março de 1990. O rapaz é condenado a um ano de prisão, sendo libertado pois em 1991. Juntando a isso tudo o fato de a atual fase se passar em 2014, pode-se concluir que se passaram 23 anos na história. Mas até nas chamadas da novela é dito que se passam 20 anos depois que Laerte sai do Brasil, o que faz com que a trama agora esteja em 2011 e não nos dias atuais. Afinal, quem errou nos cálculos, o roteiro ou a divulgação da novela? Em que ano a trama está, afinal?

Mesmo assim, Em Família acumula mais acertos do que erros nessas duas primeiras semanas. Várias tramas se mostram promissoras na anunciada última novela de Manoel Carlos. Porém, vale lembrar que Viver a Vida e Páginas da Vida eram tramas que prometiam muito e não cumpriram quase nada. Que não aconteça em Em Família. Um autor talentoso como Maneco merece se despedir do horário nobre em grande estilo.


Um comentário: